Desculpe-me se meu coração está como pedra, e mesmo com a mais calorosa e afetiva demonstração de afeto não põe a derreter-se; Seria isso um pecado? Trancar-se num casulo, com medo do mundo novamente me cortar as asas ilusórias da paixão e fazer-me despencar sobre o mais fundo precipício da realidade. Desculpe, por hora prefiro a segurança de minha capsula.
Tu me proporcionas momentos de prazer; E a volúpia em teus beijos por hora faz-me esquecer do realista universo que me rodeia e me faz embarcar na exploração de um exótico mundo de luxúria e sentimentos que nunca visitei.
Mas uma hora o sonho acaba e me vejo caindo leve e toxicamente em um lago de lamúrias e questões, e as asas que por hora ousaram sentir o frescor do irreal, agora voltam para o sufocante casulo onde teriam a certeza de que não iria me afogar.
O coração de pedra agora pesa, já não consigo ostentar todo esse peso e medo sozinha. Onde tu estás? Esta tudo escuro, e tuas mãos parecem não alcançar-me. Tento gritar, mas a voz é teimosa, não sai.
Exasperada coloco as asas para fora, um gélido sopro vem saudá-las, e antes de cair no fundo poço do esquecimento tu me salvas. Sorri e me carrega para longe, para o mundo de antes, aquele que só você pode me mostrar.
Por hora sei que estou segura;
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miguel, prometa-me que não vai me deixar despencar desse abismo, que vai estar sempre do meu lado, cuidando de mim como sempre fez?